segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Os sentimentos mais fortes na memória têm de ser ditos, repetidos, reiterados, mas dizer o quê? Cada um terá sua lembrança, julgar-lo-á certo ou não estará nem aí. No entanto, é na lembrança que se encontra a raiz do problema: fala-se o que não se sabe e esquece-se o que deveria ser dito. E, continua o vazio, abismos que nos separam em mesas de bar.

- Saideira, por favor. Só mais uma, por favor. Mais uma, vai... Aquela que “sóda” merda, por favor!

Perdi-me na noite e acordei sozinho na cama dela sem entender nada. Nada mais cômodo. O sangue estava por todo lado, mas o que doía mesmo eram os pensamentos sobre o que não sabia; Sobre o que não deveria ter feito. É o fim, e que viva a fantasia. Tudo está por vir, virá! Tudo pela frente, em erro, em dor, modelo padrão pra quem pretende acertar. Talvez um dia numa rua qualquer:

- Oi tudo bem? Que bom revê-lo...
- Que bom revê-la também.

Silêncio absoluto.

- Quanto tempo hein?

Ele com seus botões: "não me diga, quanto tempo", blábláblás...

Ela com os seus: "se não fosse tudo que me desagrada em você, poderíamos ficar juntos", blá-blá-blás...

Encontro é desencontro, sorrisos, tristezas, saudade, perguntas e mais perguntas – tudo vazio. Ele estava errado, para certos sentimentos não há respostas apenas indagações...

2 comentários:

Tamara disse...

hey, e dentro de todo esse vazio de grandes e pequenos encontros diários, o que há realmente??
fico eu a pensar depois do fato que ocorre, cenas que ficam gravadas na memória, quanto mais especial pra ti aquela pessoa, mais tempo ela permanece, mais detalhes se tem.

ah, como é, e só é porque tem como.
e nem me diga meu erro nos porques, não preciso escrevê-los certo.

foi bom revisitá-lo.

Saldanha Machado disse...

eu não sei o que se esconde nesses encontros e desencontros(o filme de shopia copolla). também queria entender esse martir fictício, ou não. eu não sei, ninguem sabe. o personagem continua em sua busca infínita, triste, alegre. talvez a procura de um autor, de um ator. que é ele, ele sou eu,ele é você, nossos alter égos. Aquele conto de franz kafka em que duas esferas surgem de repente na rua e passam a segui-lo, entram em sua casa e ficam a brincar com ele. o que são essas esferas? seu alter égo em versão dupla. o ser só se define, analizando o conjunto da obra. ou seja o passado define o indivíduo.