Madrugada. Insônia, café, chá. Unhas roídas e memórias remoídas. Há uma goteira no meio do quarto, eu a contar gotas. Televisão, computador, melodia triste a destilar certezas pelo ar. Tudo ligado até que a luz acaba. Molho os pés na poça d água, esbarro no que tem pela frente. Procuro a vela que nunca comprei. Tem isqueiro, acendo um cigarro. Pela janela vejo a outra metade da cidade brilhando. Deve ter alguém lá pra me fazer companhia, tomar uma cerveja, jogar conversa fora.
Acordo de sobressalto. O cigarro fez um buraco no carpete. Devo ter dormido horas, quatro, cinco? Não sei... Costumo ver as horas no relógio daquele prédio, mas hoje esqueceram de ligar, blecaute? Melhor sair, me situar, mas essa hora?
Procuro o molho de chaves. não encontro; claro, está na porta; não, não está. Ao vestir o casaco, lá estão as chaves.
Noite adentro, madrugada, quase dia. Perdi a conta de quantas doses. Agora dança meu bem, dança! Que eu observo seu desespero aqui da minha mesa. Embriagado com palavras não ditas, engolidas, digeridas, nunca vomitadas. Cagadas sim! No escurinho que é pra ninguém ver.
Às vezes ninguém sou eu, você, nós talvez. Alegria, muita alegria! Você e eu compartilhando a mesma taça; ela quebra, rasga ambos os lábios, mas nada de sangue para firmar o pacto. Depois eu durmo. nos seus braços acordo, assustado, banhado em suor. Dois ou três pesadelos. Você afaga, grita nos meus ouvidos (palavras doces). Me afasta cada vez mais pra perto. Não, não e não, você não grita. Sussurra:
- Meu bem, nós somos um. O pão e o vinho - mais vinho do que pão. O milagre da multiplicação.
Terça-feira. Duas da tarde, tudo se repete:
Correndo rua abaixo, você grita, arranca os cabelos, colhe flores no asfalto. Encostado na ambulância eu fumo um cigarrinho. Sedado com o espetáculo. (serei eu responsável por suas escolhas?).
Trancado na jaula da loucura, você velando, dando até os ossos por mim. Paredes pintadas de excremento. Você limpa, jura que tudo vai melhorar, repete várias vezes: “Assim como a dor, às vezes a felicidade também pode ser insuportável.” Portanto, cometa uma atrocidade pra que tudo continue como antes. Nossa inércia depende dessas ações.
Acordo de sobressalto. O cigarro fez um buraco no carpete. Devo ter dormido horas, quatro, cinco? Não sei... Costumo ver as horas no relógio daquele prédio, mas hoje esqueceram de ligar, blecaute? Melhor sair, me situar, mas essa hora?
Procuro o molho de chaves. não encontro; claro, está na porta; não, não está. Ao vestir o casaco, lá estão as chaves.
Noite adentro, madrugada, quase dia. Perdi a conta de quantas doses. Agora dança meu bem, dança! Que eu observo seu desespero aqui da minha mesa. Embriagado com palavras não ditas, engolidas, digeridas, nunca vomitadas. Cagadas sim! No escurinho que é pra ninguém ver.
Às vezes ninguém sou eu, você, nós talvez. Alegria, muita alegria! Você e eu compartilhando a mesma taça; ela quebra, rasga ambos os lábios, mas nada de sangue para firmar o pacto. Depois eu durmo. nos seus braços acordo, assustado, banhado em suor. Dois ou três pesadelos. Você afaga, grita nos meus ouvidos (palavras doces). Me afasta cada vez mais pra perto. Não, não e não, você não grita. Sussurra:
- Meu bem, nós somos um. O pão e o vinho - mais vinho do que pão. O milagre da multiplicação.
Terça-feira. Duas da tarde, tudo se repete:
Correndo rua abaixo, você grita, arranca os cabelos, colhe flores no asfalto. Encostado na ambulância eu fumo um cigarrinho. Sedado com o espetáculo. (serei eu responsável por suas escolhas?).
Trancado na jaula da loucura, você velando, dando até os ossos por mim. Paredes pintadas de excremento. Você limpa, jura que tudo vai melhorar, repete várias vezes: “Assim como a dor, às vezes a felicidade também pode ser insuportável.” Portanto, cometa uma atrocidade pra que tudo continue como antes. Nossa inércia depende dessas ações.