Os sentimentos mais fortes na memória têm de ser ditos, repetidos, reiterados, mas dizer o quê? Cada um terá sua lembrança, julgar-lo-á certo ou não estará nem aí. No entanto, é na lembrança que se encontra a raiz do problema: fala-se o que não se sabe e esquece-se o que deveria ser dito. E, continua o vazio, abismos que nos separam em mesas de bar.
- Saideira, por favor. Só mais uma, por favor. Mais uma, vai... Aquela que “sóda” merda, por favor!
Perdi-me na noite e acordei sozinho na cama dela sem entender nada. Nada mais cômodo. O sangue estava por todo lado, mas o que doía mesmo eram os pensamentos sobre o que não sabia; Sobre o que não deveria ter feito. É o fim, e que viva a fantasia. Tudo está por vir, virá! Tudo pela frente, em erro, em dor, modelo padrão pra quem pretende acertar. Talvez um dia numa rua qualquer:
- Oi tudo bem? Que bom revê-lo...
- Que bom revê-la também.
Silêncio absoluto.
- Quanto tempo hein?
Ele com seus botões: "não me diga, quanto tempo", blábláblás...
Ela com os seus: "se não fosse tudo que me desagrada em você, poderíamos ficar juntos", blá-blá-blás...
Encontro é desencontro, sorrisos, tristezas, saudade, perguntas e mais perguntas – tudo vazio. Ele estava errado, para certos sentimentos não há respostas apenas indagações...